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"História e Memória: cultura hip-hop na cidade de Maputo", 14 de Setembro, Fortaleza de Maputo

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"História e Memória: cultura hip-hop na cidade de Maputo", 14 de Setembro, Fortaleza de Maputo

A Associação Mural Sonoro associa-se ao seminário História e Memória: cultura hip-hop na cidade de Maputo, a realizar-se no dia 14 de Setembro (próxima quinta-feira), das 15h às 17h, na Fortaleza de Maputo.  

O  principal objectivo deste seminário consiste em reunir académicos, artistas e profissionais de meios de comunicação  a debater e reflectir sobre história e memória no universo do «hip hop» produzido nos últimos anos na cidade de Maputo, por via de uma abordagem  transdiciplinar sobre a temática nos diferentes campos do saber.

A Bloco 4 Foundation, conta com a parceria da Associação Mural Sonoro, na promoção deste seminário.

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 Seminário público da BLOCO 4 FOUDANTION,  intitulado “OS MUROS ESTÃO MUDOS? (RE) PENSANDO O DIREITO À CIDADE NA LENTE DO ARTIVISMO”, com parceria do MURAL SONORO

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Seminário público da BLOCO 4 FOUDANTION,  intitulado “OS MUROS ESTÃO MUDOS? (RE) PENSANDO O DIREITO À CIDADE NA LENTE DO ARTIVISMO”, com parceria do MURAL SONORO

 

Acontecerá na cidade de Maputo, Moçambique, na U.E.M (Campus Universitário Principal Av. Julius Nyerere, nr. 3453 Maputo, Moçambique) no próximo dia 30 de Agosto, pelas 14.30, o Seminário público da Bloco 4 Foundation, intitulado “OS MUROS ESTÃO MUDOS? (RE) PENSANDO O DIREITO À CIDADE NA LENTE DO ARTIVISMO”. O Seminário conta com parceria do Mural Sonoro e da Rádio AfroLis e terá como oradores Shot B ( Rapper e Grafiteiro) e Tirso Sitoe (Director executivo da BLOCO 4 FOUNDATION e investigador).
A moderação será feita por Baltazar Muianga ( Departamento de Sociologia da UEM).

Resumo
Nos últimos anos, na cidade de Maputo, encontramos grupos que atuam em diferentes frentes ou formas de artivismo que se pautam pela ideia de ocupação temporária dos muros ou paredes no espaço público urbano. Suas atividades, algumas vezes, centram-se na necessidade de dar valor de uso a estes espaços, mesmo quando deparados com fricções institucionais ou de indivíduos que operam na centralidade do poder político e concebem o “grafitte” como sendo cultura “marginal”, pelo facto de estar voltada à denúncia de vulnerabilidade social e que atenta contra a ordem ideológico-político instituída. Dentro deste contexto, pretende-se, com o presente seminário, tomar um ponto de partida para (re) pensarmos o direito à cidade através do grafitte. Este exercício implica na verdade, compreender o modo como a trajetória artística, a temática dos murais, os lugares onde são projetados, e o tipo de técnica usada, constroem no imaginário urbano e social dos indivíduos, formas de existenciais da própria cidade.
Tirso Sitoe

 

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RAPublicar lançamentos Lisboa e Porto

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RAPublicar lançamentos Lisboa e Porto

audiolivro RAPublicar. A micro-história que fez história numa Lisboa adiada: 1986 - 1996 de Soraia Simões, editado sob a chancela da Editora Caleidoscópio, 6 de Junho em Lisboa pelas 21.00, na Livraria Ler Devagar. Com a autora, Otávio Raposo (Investigador, ISCTE), Djone Santos (músico integrante do grupo Karapinhas que acompanhou o rapper General D ao vivo e em estúdio, autor), Jorge Ferreira (Editora Caleidoscópio). No Porto, dia 16 de Junho, 21.30, na Gato Vadio. Com a autora, Ace (Mind da Gap) e Jorge Ferreira (Editora Caleidoscópio).

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Call for papers for International Conference “Variações sobre António. Um colóquio em torno de António Variações”

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Call for papers for International Conference “Variações sobre António. Um colóquio em torno de António Variações”

Call for papers for International Conference “Variações sobre António. Um colóquio em torno de António Variações”

 

PT

Colóquio Internacional: “Variações sobre António. Um colóquio em torno de António Variações”
Data: 7 e 8 de Dezembro de 2017
Local: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

Com apenas dois LP’s, editados em 1983 (Anjo da Guarda) e 1984 (Dar & Receber), António Variações – nascido em 1944, com o nome de António Joaquim Rodrigues Ribeiro, e falecido em 1984 –, tornou-se um caso de estudo na música popular portuguesa, quer pelo cunho fulgurante do seu impacto, quer pelo rasto duradouro que deixou, manifesto em várias homenagens coletivas em disco, ou ao vivo, num «disco póstumo» (Humanos, 2004) elaborado por um conjunto de músicos portugueses a partir de maquetes de canções suas gravadas em cassetes, ou na importante biografia publicada por Manuela Gonzaga em 2006 (António Variações. Entre Braga e Nova Iorque, Âncora Editora).

A música, as letras das canções, a imagem, os vídeo-clips, tudo isso tem contribuído para que a presença de António Variações na cultura portuguesa não se tenha desvanecido, continuando, pelo contrário, a alimentar a imaginação do público. Tão importante como tudo isso, porém, é o paradigma que Variações representa na cena portuguesa dos anos 80, bem sintetizado pela frase, que terá dito ao produtor do seu primeiro disco, para enunciar o lugar estético em que via a sua música: «Uma coisa entre Braga e Nova Iorque». A frase não sugere um ponto de equilíbrio que seria, aliás, impossível de garantir; pelo contrário, parece enunciar uma pulsão de desequilíbrio ou de fabricação, não garantida por uma estabilidade identitária prévia – seja ela a da «cultura tradicional» ou a do «cosmopolitismo» –, para qualquer projeto de criação de uma versão moderna do popular, neste caso em Portugal. Nesse sentido, o percurso biográfico de Variações (que interioriza o típico percurso de um homem português da segunda metade do século XX, da aldeia à capital, à Guerra Colonial e à emigração) parece pressupor uma demanda, desde as origens minhotas a Lisboa e, depois, a Londres, Amesterdão, Nova Iorque, etc., mas uma demanda de algo que se produz, fabrica e falsifica pelo caminho, sem ceder a qualquer ilusão de um «encontro pleno com a alma» da cultura portuguesa ou do sujeito com as suas «raízes» e com a sua «verdade profunda», também ela objeto de uma encenação queer no limite do kitsch ou do camp, dando assim a ver, em modo espetacular, a identidade como recodificação. E isso é também reconhecível nas extraordinárias letras que Variações escreve para as suas canções, que oscilam entre uma versão fulgurante da poesia popular e a reinvenção literária que o leva a musicar, por exemplo, Fernando Pessoa.

Falar de António Variações é, pois, falar sempre de muito mais do que apenas das suas canções, já que não custa ler na sua obra e na forma como performatiza a sua identidade (pessoal e coletiva) algo que nos ajuda a ler Portugal na segunda metade do século XX, da música e da poesia à cultura, à sociedade e ao estado do «corpo político».

O colóquio «Variações sobre António» propõe-se, pois, estudar quer a obra do compositor e cantor, quer aquilo que nela é sintoma de fenómenos mais vastos – um deles, e dos mais importantes, a forma como a cultura portuguesa posterior à Revolução de 1974 tenta sintonizar-se / dessintonizar-se com o mundo exterior e, em particular, com a cultura e civilização saída dos anos 60, sobretudo aquela latamente designável como pop. O colóquio é uma proposta do Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura e da área de Estudos Artísticos, ambos da FLUC. O colóquio conta, neste momento, com o apoio do Centro de Literatura Portuguesa, do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX, do Teatro Académico de Gil Vicente, da Rádio Universidade de Coimbra e do Jazz ao Centro Clube.

São entidades parceiras do colóquio o projeto Keep It Simple, Make It Fast, coordenado por Paula Guerra, o Núcleo de Estudos em Género e Música, coordenado por Paula Gomes-Ribeiro, e o Projeto Mural Sonoro, coordenado por Soraia Simões. Estas entidades estão representadas na Comissão Científica do colóquio.

O colóquio, que terá lugar na primeira semana de Dezembro de 2017, nos dias 7 e 8, poderá durar três dias, em função do número de comunicações, sendo as inscrições pagas. O colóquio é pensado sobretudo para as seguintes áreas disciplinares: musicologia, estudos artísticos, estudos literários, estudos intermédia, estudos culturais, ciências sociais, média e comunicação, história contemporânea.

Convidamos investigadores a apresentarem comunicações que explorem o seguinte temário:

1.      A música de Variações, entre o rock português, o pop, o fado e o folclore
2.      As letras de Variações: da poesia popular (ou fake) às letras pop
3.      Texto & Som, Imagem & Corpo: performance e intermedialidade em Variações
4.      Identidade, resistência e excesso: o queer, o glam e o camp
5.      Discos: produção; indústria discográfica
6.      Produção e gestão do impacto mediático de Variações
7.      Cultura e sociedade no Portugal de Variações
8.      Legado e reinvenção de Variações

As propostas de comunicação devem ser apresentadas até ao próximo dia 16 de junho de 2017, através da plataforma EasyChair (https://easychair.org/conferences/?conf=cv2017). Podem ainda ser propostos painéis de três comunicações. As propostas de comunicação deverão ter entre 500 e 1000 palavras (incluindo referências). O resultado da avaliação das propostas será comunicado até 16 de julho de 2017. São aceites propostas em português, inglês, espanhol, francês e italiano.

O colóquio terá uma programação complementar, na área dos concertos e performances. No primeiro caso, a organização desafiará músicos e bandas da zona de Coimbra para reinventarem a música de Variações, num concerto a ter lugar no TAGV. No que toca à performance, está disponível uma Call for Performances subordinada ao título «Variações performáticas sobre António», vindo as performances selecionadas a ter lugar na Sala do Carvão, do Edifício das Caldeiras da Universidade de Coimbra, e no Salão Brazil. (por Comissão Organizadora, in sítio Colóquio Internacional «Variações sobre António» on-line)

grafismo no espaço on-line do colóquio

grafismo no espaço on-line do colóquio

 

INGL

The conference «Variações sobre António» is intent, therefore, on studying not only the work of the singer-songwriter but also what in it relates to far-reaching phenomena: one of which (and perhaps amog the more important) is the ways by which the post-1974 revolution portuguese culture tried to be in and out of sync with the outside world and, specifically, with the culture and civilization that had emerged out of the 1960’s, mainly the one broadly referred to as pop. The conference was devised by the Doctoral Program in Materialities of Literature (Programa de Doutoramento em Materialidades da Literatura) and of the Arts Studies field of study, both of FLUC (University of Coimbra, School of Arts). It is currently backed by the Center for Portuguese Literature (Centro de Literatura Portuguesa), by Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XXTeatro Académico de Gil VicenteRádio Universidade de Coimbra and Jazz ao Centro Clube.

Other partners of the conference are: project Keep It Simple, Make It Fast, headed by Paula Guerra; Núcleo de Estudos em Género e Música, headed by Paula Gomes-Ribeiro; and the project Mural Sonoro, headed by Soraia Simões. All of the aforementioned entities will be represented at the conference’s Scientific Committee.

The conference will take place on the first week of December 2017 (7th and 8th), and it may extend to three days depending on the number of participants. Inscription fees will be requested. The conference was sketched as comprising as main targets the following disciplinary fields: musicology, arts studies, literary studies, intermedia studies, cultural studies, social sciences, media and communication, contemporary history.

We invite researchers to present talks exploring the following thematic range:

1.      Variações’ music, between portuguese rock, pop, fado and folk
2.      Variações’ lyrics: from popular (or fake) poetry to pop lyrics
3.      Text & Sound, Image & Body: performance and intermediality in Variações
4.      Identity, resistence and excess: queerglam and camp
5.      Records: production; record industry
6.      Production and handling of Variações’ media impact
7.      Culture and society in Variações’ Portugal
8.      Legacy and reinvention of Variações

Conference proposals should be rendered until June 16, 2017, through EasyChair (https://easychair.org/conferences/?conf=cv2017). Pannels up to three lectures can also be suggested. Lecture drafts will have 500 to 1000 words (including references). The results of the evaluation will become public by July 16, 2017. Proposals in portuguese, english, spanish, french and italian will be accepted.

The conference will display a side, complementary program, comprising a concert and performances. As to the first item, the Organising committee will challenge bands around the Coimbra area to reinvent Variações’ music in a concert to take place at TAGV; as for the performative side, a Call for Performances is available, under the title «Performatic variations on António» (the selected performances will take at Sala do Carvão, at Coimbra University Bolier House, and at Salão Brazil. (in CESEM - FCSH NOVA on-line)

Go to event website    

 

 

 

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Apresentação disco: Cavaquinho, de Daniel Pereira no Cantado Teatro Circo, Braga, apoio Associação Mural Sonoro

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Apresentação disco: Cavaquinho, de Daniel Pereira no Cantado Teatro Circo, Braga, apoio Associação Mural Sonoro

A Associação Mural Sonoro sugere e junta-se a esta apresentação

Cavaquinho Cantado de Daniel Pereira Cristo com o apoio da Associação Mural Sonoro, dia 14 no Theatro Circo - Página Oficial em Braga.

Cavaquinho e voz: Daniel Pereira Cristo | Bandola e coros: Diogo Riço | Percussões: André No | Contrabaixo: David Estêvão | Som e produção musical: Hélder Costa | Som: Diogo Cocharro | Desenho de luz: Sérgio Lajas | Convidados: André Ramos (viola braguesa), Catarina Valadas (flauta e voz), Luís Almeida (voz), Nuno Sousa (voz), Mário Gonçalves (bateria), João Conceição (percussão)

Onde comprar bilhetes? Ver aqui >>>

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ROTEIRO CULTURAL POR UM JARDIM (29 de Outubro) - Vencedor Orçamento participativo de Lisboa (28 de Novembro)

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ROTEIRO CULTURAL POR UM JARDIM (29 de Outubro) - Vencedor Orçamento participativo de Lisboa (28 de Novembro)

Já conhecem o Jardim do Caracol da Penha?

Se não sigam a sua página aqui no Facebook para ficarem a conhecer.

O Caracol da Penha é ''o último vestígio de uma vivência rural que outrora existiu nesta zona hoje densamente urbanizada de Lisboa. Esta memória rural está patente nas múltiplas árvores de fruto que ocupam os socalcos desta antiga quinta de 8.000 m2 – um espaço que nós queremos que seja de todas as pessoas''.

O projecto para a construção de um parque de estacionamento é pela primeira vez apresentado em público, confirmando a exiguidade das zonas disponibilizadas para usufruto da população.


A Associação Mural Sonoro e outras organizações locais estão com o movimento pela criação de um Jardim e preservação deste espaço verde. E vocês habitantes e visitantes de Lisboa? Vão deixar que isto aconteça? 

 

Hoje o meu/nosso bairro sai à rua reivindicando um jardim em detrimento de mais um parque de estacionamento - Jardim do Caracol da Penha. A Associação Mural Sonoro juntou-se ao repto com a vizinhança. Na Padaria Saudade encontrarão uma exposição em vídeo durante o dia de conversas que mantive com pessoas que aqui vivem ou trabalham desde 1926 intitulada ''Memórias do Bairro'', encontrarão nela um pequeno texto que escrevi acerca da importância da memória e da sua relação com o espaço físico de vivência e encontro.
O Movimento pelo Jardim do Caracol da Penha reúne todos e todas num roteiro cultural que pode ser aqui consultado: http://www.caracoldapenha.info/copy-of-quem-somos
A iniciativa surge depois de, em Setembro, a maioria dos moradores de Arroios e Penha de França ter rejeitado a intenção da Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (EMEL) de construir, na encosta da Penha de França, um parque de estacionamento. Pede-se a requalificação do local para a criação de um jardim público.
Juntem-se, assistam e participem.
(Soraia Simões, Assoc.Mural Sonoro)

O programa , aqui >>>>>

Quais as memórias do bairro? Recolha de memórias das vivências de diversas pessoas que vivem ou trabalham na zona do Caracol da Penha desde 1926. Este vídeo foi realizado no âmbito do "Ao Caracol! Roteiro Cultural por um Jardim!" - 29 de Outubro de 2016 por Soraia Simões.

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RAP de Periferia?

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RAP de Periferia?

O projecto RAPortugal 1986 - 1999 contou, além do Ciclo de Conferências e Debates com início a 7 de Setembro de 2016 e termino a 22 de Janeiro de 2017, com uma série de actividades que resultiu da parceria da Mural Sonoro e da Associação Cultural Moinho da Juventude no âmbito do projecto RAPortugal 1986 - 1999. Aconteceu em escolas e espaços culturais da Reboleira, Amadora e Cova da Moura.

REALIZAÇÃO DE

Flávio Almada, Jakilson Pereira

Produção: Associação Mural Sonoro, co-produção: Associação Cultural Moinho Da Juventude, Câmara Municipal de Almada, Escola Intercultural das Profissões e do Desporto da Reboleira, FIAR.

(Re) educar através do RAP: Reacção Através da Poesia

PROGRAMA

Tema: Descrição da realidade através da palavra

Formadores: Flávio Almada, Jakilson Pereira

Participantes: 12 - 15 anos

Espaço: Associação Cultural Moinho da Juventude

8 de Outubro

a partir das 15:00

Jakilson Pereira fotografia

Jakilson Pereira fotografia

 

3 de Novembro

a partir das 15:00

Tema: Poesia de periferia?

Formador: Flávio Almada

Participantes: 12 - 15 anos

Espaço: Escola Intercultural das Profissões e do Desporto (Reboleira)

História Oral com LBC Soldjah (2012)

Flávio Almada

Flávio Almada, nasceu em São Domingos, Santiago, Cabo Verde, em 1982. É licenciado em Tradução e Escrita Criativa pela Escola de Comunicação, Arquitectura, Artes e Tecnologias da Informação (Lisboa) em 2013 e mestrando em Estudos Urbanos na FCSH/ISCTE. Há catorze anos que reside em Portugal e durante esses anos trabalhou em projetos ligados ao Desenvolvimento artístico e cultural, Cidadania e Educação Cultural, Economia solidária, Inclusão Digital, Coesão e Inclusão através da Arte, Desenvolvimento Comunitário em várias localidades da Área Metropolitana de Lisboa. É Mc’s (Rapper), ativista político e Membro da Direção  e colaborador da Associação Cultural Moinho da Juventude. 

História Oral com Hezbó MC (2012)

Jakilson Pereira

Licenciado em Educação Social pela Escola Superior de Santarém/Instituto Politécnico de Santarém e mestrando em Educação e Sociedade no ISCTE, possui formação complementar diversa, nas áreas da cidadania e intervenção juvenil. É técnico superior de educação social na ACMJ, onde desempenhou diversas funções desde 2011.

Desde 2011, é responsável pela Biblioteca António Ramos Rosa e administrador do Balcão do Cidadão de Cabo Verde na Associação Cultural Moinho da Juventude, emite: registo criminal, certidão de nascimento, certidão de casamento, certidão de óbito, certidão de perfilhação, sendo este um dos serviços que integra o núcleo de apoio à documentação e apoio jurídico da associação. O desempenho destas funções tem-lhe dado, entre outros aspectos, grande prática e proximidade com o Serviço de Estrangeiro E Fronteiras e Conservatória do Registo Civil para pedido de nacionalidade Portuguesa.

Colabora com Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra no Projecto “Alice” - Colóquio Internacional Epistemologias do Sul, desde 2014. 

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CONFERÊNCIA, Biblioteca Municipal de Penacova - Novos Processos de Preservação e Divulgação do Património Imaterial, 1 de Outubro, 11.45, Soraia Simões

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CONFERÊNCIA, Biblioteca Municipal de Penacova - Novos Processos de Preservação e Divulgação do Património Imaterial, 1 de Outubro, 11.45, Soraia Simões

1 de Outubro - 11.45, Biblioteca Municipal de Penacova - Novos Processos de Preservação e Divulgação do Património Imaterial, Comunicação de Soraia Simões "Mural Sonoro: Memórias e sons locais sem paredes"

Info:

A Câmara Municipal de Penacova tem a decorrer desde 1 de Julho o ciclo de Conferências sobre o Património Imaterial de Penacova. A 1 de Julho a conferência versou sobre literatura oral, no dia 5 de Setembro sobre Museus e Património Cultural Imaterial.

Soraia Simões (Instituto de História Contemporânea - FCSH NOVA, Associação Mural Sonoro) é uma das conferencistas convidadas pela Vereação da Cultura da Câmara Municipal de Penacova para a Conferência de dia 1 de Outubro sobre música, arquivos e memória.

Apresentará uma comunicação de cerca de 40 minutos com o título ''Mural Sonoro: Memórias e sons locais sem paredes''.

Convidamos quem andar por perto este sábado a assistir. A entrada é livre. Mais informações: Largo Alberto Leitão, 5 | 3360-191 Penacova www.cm-penacova.pt | geral@cm-penacova.pt

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BONS SONS'16, Viver a Aldeia!

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BONS SONS'16, Viver a Aldeia!

BONS SONS'16

Os parceiros da Associação Mural Sonoro já aí com um belo cartaz. De 12 a 15 de Agosto. 10 anos dando espaço à música e aos autores que produzem em Portugal. Incentivando outros a mudar o foco das suas programações.

 

BONS SONS'16 12 - 15 de Agosto

Sugestão para gente que gosta de ouvir o que é produzido por cá em ambiente bucólico e interessante.

Relembramos nesta imagem a passagem da Associação Mural Sonoro pelo auditório do BONS SONS'15 com o ciclo ''Conversa ao Correr das Músicas''. Aqui Manel Cruz numa conversa interessante com Soraia Simões, coordenadora do ciclo (http://www.bonssons.com/bs2015/).

 

Este ano, dado o volume de trabalho a decorrer no projecto ''RAPortugal 1986 - 1999'' (Fevereiro 2016 - Março 2017), não nos é possível estar presente com o mesmo ciclo. Porém, estamos na mesma com os nossos parceiros naquele que é dos ajuntamentos (nem eles nem nós usamos o termo ''festival'' quando nos queremos referir ao trabalho desenvolvido pela Associação de Cem Soldos - Tomar) que melhor interiorizam a relação entre a produção cultural relevante, a musical em concreto, ''o local sem paredes'' como dizia Miguel Torga. Naquele que foi o primeiro, há uma década, a juntar em 4 dias o mais interessante do que é produzido cá em domínios musicais, culturais e sonoros diversos, procurando não se repetir nas escolhas no ano seguinte de modo a poder trazer o que de melhor se faz até à aldeia, e servindo de inspiração a outros que depois deles, um pouco por todo o país, começaram a surgir dando espaço nos seus cartazes exclusivamente à música e aos autores que realizam e produzem os seus trabalhos cá dentro.

Força ao BONS SONS'16 e à persistência do Luis Sousa Ferreira e dos seus companheiros (equipa) nesta iniciativa que já conta com 10 anos de actividade, contribuindo para o desenvolvimento local e da aproximação entre os vários espaços físicos, culturais e musicais que formam a Música que tem sido feita neste país.

 

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DIPANDA'75, Documentário

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DIPANDA'75, Documentário

Dipanda'75 é um projecto documental (1) que pretende retratar um período musical muito particular na história da música que foi feita em Angola.

 

Documentário de Alexandre Nobre, fotógrafo e documentarista angolano, em homenagem ao pai, militante de um dos movimentos independentistas africanos, com consultoria e ajuda no argumento da investigadora do Instituto de História Contemporânea da FCSH NOVA Soraia Simões, em curso (2017).

Iniciado há quase 10 anos por Alexandre Nobre o trabalho de campo para este projecto em Angola. Título Dipanda'75.

«Dipanda'75» é um projecto documental que pretende retratar um período musical muito particular na história da música que foi feita em Angola. 

No ano de 2007, na cidade de Luanda, recolheram-se dezenas de depoimentos (de músicos e compositores a historiadores e diplomatas angolanos que marcaram de modo explícito este período), registos de imagens de arquivo, de arquivos pessoais e estatais fonográficos (Rádio Nacional de Angola), dos lugares que marcaram esta história (Muxima, musseques, entre outros). 

Este Filme abrange o período que antecede a data da independência de Angola. Foca a música popular de carácter intervencionista. Num período que vai da década de quarenta até à independência de Angola.

A Música Popular, no domínio da «canção de protesto», enquadrada na luta de libertação de Angola, teve um papel de afirmação, mobilização e confrontação com o antigo regime.

A música desenvolvida nesta altura, ao utilizar línguas autóctones, o quimbundo, umbundo, quicongo, bem como os papéis fundamentais da língua oficial e de Liceu Vieira Dias ou N´Gola Ritmos, a evolução técnica e musical a partir das músicas tradicionais, são algumas das características afloradas ao longo deste projecto documental.

Pretende-se que seja a música, as letras das músicas, a contarem a história. Em conjunto com o testemunho de alguns músicos intervenientes neste processo, procuramos construir uma narrativa documento sobre este momento de importância vital para o povo angolano.

Não sendo um documentário político, a temática do documentário envolve um período de grande actividade política e partidária, a qual não se pode alhear de toda a movimentação partidária que se gerou. Não tomando partido, cinge-se a actividade partidária a factos. Cabe a cada um interpretar como entender.

(1) Blogue do Projecto: http://dipanda75.blogspot.pt/ e  Página do Projecto no Facebook: https://www.facebook.com/DIPANDA75
Equipa
Equipa
Autoria, Fotografia, Realização: Alexandre Nobre
Argumento: Soraia Simões
Montagem; Maria Joana
Recolhas fase 1 e 2 em Luanda: Alexandre Nobre (fase 1 e 2), Luís Moreira (fase 2), Arlete Leandro (fase 1 e 2), Transcrição de entrevistas e de formato analógico para digital: António Ferreira
Produção: Associação Mural Sonoro

Contextualização histórica, Narração, Textos  Blogue, Textos no Facebook: Soraia Simões

Registo IGAC, Junho de 2015

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RTP - «Extrema - Esquerda: Porque não Fizemos a Revolução?»

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RTP - «Extrema - Esquerda: Porque não Fizemos a Revolução?»

Foi ontem , 24 de Novembro de 2015, lançado o Portal “Extrema-esquerda – porque não fizemos a revolução?”, do qual o Mural Sonoro é parceiro.

 

O site “Extrema-esquerda – porque não fizemos a revolução?”, cujo objectivo é contar essa história, através dos depoimentos dos diversos participantes nesse vasto movimento foi ontem lançado pelas 17h no Museu do Aljube - Resistência e Liberdade. Trata-se, assim, de um repositório de história oral, apoiada também numa recolha de documentação. Ao mesmo tempo, conta-se com a participação de todos os interessados em contribuir para o crescimento do site, enviando depoimentos e documentos.

 

Este é um projecto desenvolvido pela RTP, em parceria com o Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra, com o Mural Sonoro e com o Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, que assume um papel fundamental na garantia do rigor histórico.

Soraia Simões - RTP

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Associação Mural Sonoro no Festival BONS SONS

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Associação Mural Sonoro no Festival BONS SONS

 A Associação Mural Sonoro marcou presença no Festival BONS SONS este ano com o «Conversa ao Correr das Músicas»

Depois de em Agosto de 2014 Soraia Simões ter recebido o Prémio Megafone Sociedade Portuguesa de Autores, no Palco Lopes-Graça deste Festival, durante a cerimónia de entrega destes Prémios nas Categorias Música e Missão, pelo trabalho que tem desenvolvido no seio da música e cultura populares e na Associação e Projecto Mural Sonoro, este ano deu início a uma parceria com o BONS SONS e marcou presença no mesmo para guiar duas conversas com momentos musicais.

CONVERSA AO CORRER DAS MÚSICAS - Manel Cruz - Auditório de Cem Soldos - 13 de Agosto de 2015
Fotos: Carlos Manuel Martins

CONVERSA AO CORRER DAS MÚSICAS - Criatura (Ricardo Coelho (flautas, gaita de foles e percussões várias) - Auditório de Cem Soldos - 16 de Agosto de 2015 Fotos: Carlos Manuel Martins

CONVERSA AO CORRER DAS MÚSICAS - Criatura (Ricardo Coelho (flautas, gaita de foles e percussões várias) - Auditório de Cem Soldos - 16 de Agosto de 2015
Fotos: Carlos Manuel Martins

fotografia: Sofia Figueiredo  com Criatura (Ricardo Coelho: músico, tocador e construtor de aerofones diversos e instrumentos de percussão variados, Acácio Barbosa: guitarra portuguesa, vozes)

fotografia: Sofia Figueiredo

com Criatura (Ricardo Coelho: músico, tocador e construtor de aerofones diversos e instrumentos de percussão variados, Acácio Barbosa: guitarra portuguesa, vozes)

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«Memórias da Revolução». Os actores da música e cultura populares entre 1961 e 1975: José Mário Branco, por Soraia Simões

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«Memórias da Revolução». Os actores da música e cultura populares entre 1961 e 1975: José Mário Branco, por Soraia Simões

 SONS DA REVOLUÇÃO

Projecto do Instituto de História Contemporânea em parceria com a RTP 

Este artigo divide-se em duas partes. Na primeira parte pretende expor algumas das perspectivas, bem como as letras de algumas canções realizadas por protagonistas da cultura e sociedade portuguesas no período que vai desde a guerra colonial até ao PREC, comportando nele os anos imediatamente a seguir ao PREC. Propõe a reflexão de um conjunto de acontecimentos que marcaram o momento que precedeu e acompanhou o processo revolucionário em curso, assim como os efeitos desse processo na vida cultural desses agentes. Tem como fontes os discursos recolhidos em suporte sonoro digital no decorrer do meu trabalho de campo durante três anos (entre Agosto de 2012 e Fevereiro de 2015) a um conjunto de protagonistas vivos da música e da sociedade portuguesas neste período. 

Pretende descrever e interpretar, através das conversas mantidas com estes informantes, verdadeira memória viva, uma parte deste extenso processo, que inicia com a sua ligação à cultura, à política e à sociedade no período colonial, no contexto do seu exílio político, no PREC e no pós PREC já em Portugal 


Transcrição de parte da entrevista a José Mário Branco

José Mário Branco (JMB): A primeira infância foi numa aldeia de pescadores, perto do Porto, que hoje é uma cidade grande, que é Leça da Palmeira. Vim para o Porto já adolescente.

Soraia Simões de Andrade (SSA): É? Porque os teus pais davam lá aulas?

JMB: Eram professores primários em Leça. Aí fiz a escola primária, frequentei os primeiros anos do liceu vindo todos os dias ao Porto para as aulas e só aos 11 ou aos 12 anos é que passei a residir na cidade do Porto.

SSA: Recordas algum momento de infância em que a música estivesse presente?

JMB: Sempre esteve. Desde que me lembro. O meu pai era um amante da música, pelo facto de ter feito todo o curso do seminário e desde que eu me lembro ensinava-nos a cantar e punha-nos a cantar a vozes (pausa). Eu, aos meus dois irmãos e ele fazia os baixos e nós fazíamos as outras três vozes e muito pequenino pôs-nos a estudar piano com uma senhora lá de Leça da Palmeira, que era professora de piano. Havia uma paixão grande pelo violino da minha parte. Depois, como nós não tínhamos dinheiro, foram os meus padrinhos, pessoas abastadas da cidade do Porto que me compraram o violino e me pagaram aulas no Conservatório com um professor que era um excelente violinista, primeiro violino da Sinfónica do Porto, e também liderava o Quarteto de Cordas, era francês, e que deu cabo da minha paixão pelo violino em poucos meses, porque eu ia aos sábados de manhã, que não havia liceu, ao Conservatório ter aulas particulares de violino e a única coisa que ele me ensinava era a pegar no violino e no arco com proibição de produzir qualquer som, e eu ficava ali uma hora de pé numa sala, com o professor à minha frente, a puxar-me pelo cotovelo e a corrigir-me os dedos no arco, pousar o arco nas cordas, mas proibido de tocar, primeiro ano era só para aprender a pegar no violino e isso matou definitivamente a paixão que eu tinha pelo violino, foi um assassinato.

SSA: Um bocado como o solfejo no piano, não é? Que as crianças desistem logo.

JMB: Também, também, também...o solfejo no piano. Depois destes incidentes a música ficou um bocado posta de lado e começou uma paixão grande pela poesia, mas que é retomada quando abre a Escola Parnaso no Porto, já eu tenho 15 ou 16 anos e então com o Jorge Constante Pereira, o Ricardo Sousa Lima, a Nina Constante Pereira que era minha namorada, etc há um grupo de amigos que entra ao mesmo tempo para a Escola Parnaso e realmente isso é que me marcou para sempre. O contacto com as músicas contemporâneas, a música dodecafónica, a música concreta, música electrónica, etc. e o contacto em paralelo com a Etnomusicologia, através do Luís Monteiro, que eram aulas, aulas não, eram encontros apaixonantes.

Ao mesmo tempo de análise etnográfica, análise musical, análise linguística, etc. Chegando perto da fase em que eu ia ser defrontado com a Guerra Colonial começa em 1961, mas mesmo antes disso a partir de 1958, que é a eleição do Delgado, há uma politização através do exemplo de amigos mais velhos que já andavam na universidade, o movimento estudantil universitário, e eu fico ligado ao primeiro grupo que no Porto tenta formar associações de estudantes nos liceus, chamava-se Pró Associação. Se nas universidades, nas três universidades que existiam: Porto, Coimbra e Lisboa, as associações de estudantes eram toleradas no liceal eram mesmo proibidas.

SSA: Portanto, estávamos mesmo no início da década...

JMB: 1959, 1960, 1961. A Guerra começa em 1961. Somos um grupo de jovens, rapazes e raparigas, por um lado muito sensibilizados para as questões políticas, políticas quer dizer: para a resistência à ditadura, resistência à censura, eu costumo dizer que era uma época em que era tudo a preto e branco, porque o inimigo era facilmente identificável e todos os dias a toda a hora tu eras levado no liceu, no café, em qualquer encontro de amigos eras levado a ter que tomar decisões que implicavam um risco: arriscar a liberdade, arriscar a vida, arriscar a carreira neste caso de estudante, etc. E por outro lado uma ligação também desse grupo à poesia e à música no estilo da tertúlia, no contacto com poetas mais velhos, aquele grupo de poetas neo-realistas do Porto, a Brigitte Gonçalves, o (António) Rebordão Navarro, o Eugénio de Andrade evidentemente, o António Reis que depois foi também cineasta, etc. Começámos todos a escrever poemas, esse pequeno grupo também participou no suplemento juvenil do Diário de Lisboa que era orientado por dois escritores, um casal de esquerda, nós mandávamos artigos, mandávamos poemas, mandávamos desenhos, aqueles como os da Manuela Bacelar que hoje é uma pintora reconhecida, críticas. Esse suplemento foi proibido  pela censura e passou a ser publicado no jornal República. Também fazíamos outra coisa, é que através de familiares e da nossa própria forma de movimentação havia relações com a Academia de Amadores de Música e o seu coro, dirigido pelo Lopes-Graça, com o próprio Lopes-Graça. 

Eu assisti à chegada, em casa da Ilse Losa porque um dos membros deste grupo de jovens era a Margarida Losa, filha da Ilse e do Arménio Losa, do Graça entusiasmadíssimo com o primeiro disco prova de fábrica da «Antologia de Trás-Os-Montes», do Giacometti seleccionada por ele, «Ouçam isto, ouçam isto, isto é espantoso» e o gesto  do Graça de colocar o disco prova no toca-discos e da gente ouvir aquilo com as lágrimas nos olhos e pensarmos: como é que é possível nós termos estes tesouros no nosso país e ninguém os conhecer?

SSA: Portanto, foi ali que começaste a rever um Portugal musical...

JMB: Já eu tinha tido um tirocínio de etnomusicologia com o Luís Monteiro na Parnaso...

SSA: Pois. Ali talvez um Portugal mais rural e interior que não chegava tanto à metrópole.

JMB: Sim. E nós próprios tínhamos por hábito, sobretudo nas férias da Páscoa, de irmos em grupo percorrer por exemplo as terras do Alto Minho a pé ou depois numa segunda fase vir para o Alentejo, virmos do Porto para o Alentejo, para a aldeia de Peroguarda, que é ali no meio do triângulo Beja-Ferreira-Cuba, onde nós vínhamos, alguns de nós - os primeiros a virem foram presos pela PIDE, porque era esquisito um grupo de jovens no meio dos alentejanos, de repente: «a fazer o quê, para quê?», a gente vinha só para os ouvir cantar e falar. Eram todos comunistas claro. Baixo- Alentejo, muito muito pobres. É um bocadinho daí também que depois mais tarde vem a relação especial do Michel Giacometti com a aldeia de Peroguarda, acho que é onde ele quis ser sepultado, não é?

SSA: Sim.

JMB: E com a Virgínia, uma camponesa poetisa...Ainda conheci pessoalmente o António Joaquim Lança, o pastor-poeta. Portanto, havia esse caldo de cultura. Não se pode esquecer que é uma época em que se dá o Concílio Vaticano II, em que se dá a Revolução Cubana, em que se dá a Guerra na Argélia, tudo isso eram temas das nossas discussões, das nossas conversas. E sobretudo em 1961, eu tenho 19 anos, a partir de 1961 a questão da guerra colonial e o facto de muitos de nós estarmos ligados ao partido comunista, que era a única organização onde a gente podia fazer qualquer coisa a sério correndo todos os riscos inerentes, que no meu caso por exemplo levou à prisão pela PIDE em 1962, não é? A discussão sobre ir ou não ir participar na guerra colonial.

SSA: Acabaste por ir contra a tua vontade para França, acabaste por ser empurrado a isso.

JMB: Eu, como militante do partido comunista português, recebi a directiva de ir para a guerra, porque era a linha do partido na altura, achando que era na frente de guerra que o militante comunista poderia fazer o seu trabalho. Nenhum de nós acreditava, ou muito poucos de nós acreditavam, que isso fosse possível à luz de muitos  relatos e discussões  que vinham dos franceses, da Guerra da Argélia, onde a  posição do partido comunista francês foi exactamente a mesma e portanto havia contacto com discussões com intelectuais franceses, do movimento estudantil francês, que vieram moldar a nossa própria discussão e levar a que uma grande parte de nós seguisse a linha de recusar participar na guerra colonial e alguns não. É por isso, que depois de já ter estado preso pela PIDE em 1962, em 1963, poucos dias antes de receber o  postal de mobilização para a tropa, eu decidi aproveitar os dias que me restavam de validade de um antigo passaporte para fugir do país. E depois foram os treze anos de vida em Paris.

SSA: Voltaste em Abril de 1974, em plena...

JMB: Em 30 de Abril de 74. 

 

[6] Vou andando por terras de França

pela viela da esperança

sempre de mudança

tirando o meu salário

Enquanto o fidalgo enche a pança

o Zé Povinho não descansa

Há sempre uma França

Brasil do operário

Não foi por vontade nem por gosto

que deixei a minha terra

Entre a uva e o mosto

fica sempre tudo neste pé

Vamos indo por terras de França

nossa miragem de abastança

sempre de mudança

roendo a nossa grade

Quando vai o gado prà matança

ao cabo da boa-esperança

Bolas prà bonança

e viva a tempestade

Não foi por vontade nem por gosto …

Vamos indo por terras de França

com a pobreza na lembrança

sempre de mudança

com olhos espantados

Canta o galo e a governança

a tesourinha e a finança

e os cães de faiança

ladrando a finados

Não foi por vontade nem por gosto …

Vamos indo por terras de França

trocando a sorte pela chança

sempre de mudança

suando o pé de meia

Com a alocação e a segurança

com sindicato e com vacança

Há sempre uma França

Numa folha de peia

Não foi por vontade nem por gosto

JMB: É em França que, por um lado num primeiro período a minha única actividade para além da sobrevivência é participar em lutas políticas, em grupos políticos, cujo objectivo era ao mesmo tempo a discussão sobre o que fazer em relação a Portugal: luta armada ou não luta armada contra a ditadura portuguesa, conflito da União Soviética, tomar partido pela China ou partido pela União Soviética, e a questão da divulgação e da denúncia da ditadura portuguesa e da guerra colonial pela europa fora. Isto é preciso ser situado porque foi um movimento muito grande, muito extenso. No princípio dos anos 70, cerca de dez anos depois, Paris era a segunda cidade de Portugal, tinha mais habitantes portugueses na região parisiense. Só em França éramos oitenta mil desertores e refractários para um país de nove/dez milhões de habitantes. 

SSA: E viviam em comunidade?

JMB: Bem, isso provocou uma mudança muito importante no comportamento geral da emigração portuguesa, porque a emigração portuguesa em França, mas não só, também na Alemanha, na Suíça, no Benelux, na Inglaterra, nos países escandinavos, que fora até aí uma emigração quase exclusivamente da pobreza, uma emigração económica, com a ida de dezenas de  dezenas e milhares de jovens universitários contra a guerra mudou, porque esses jovens começaram-se a integrar nas associações, que até aí serviam só para o rancho folclórico, para o pastel de bacalhau, para o copo de tinto ou para a missa, e deu-se uma politização não de todas mas de grande parte das associações de emigrantes portugueses. Aqueles que como nós a partir de certa altura, este plural é eu, o Luís Cilia que também vivia em Paris, o Tino Flores que também vivia em Paris, o Sérgio (Godinho) que começou a viver em Paris a partir de 1967 que cantávamos canções ou que denunciavam ou que abriam novas fronteiras, digamos assim, para a comunidade não tínhamos descanso. Andávamos sempre a cantar pela Europa toda, a Europa do norte sobretudo, sempre a cantar para associações. O disco «A Ronda do Soldadinho»[7]  é resultado disso, foi um disco feito propositadamente na ilegalidade, aproveitou da experiência que eu tinha ganho já a produzir discos, a arranjar, a fazer colaborações, etc.  e foi financiado com pré-compras do movimento associativo.

1.

Um e dois e três

Era uma vez

Um soldadinho

De chumbo não era

Como era

O soldadinho

 

Um menino lindo

Que nasceu

Num roseiral

O menino lindo

Não nasceu

P'ra fazer mal

 

Menino cresceu

Já foi à escola

De sacola

Um e dois e três

Já sabe ler

Sabe contar

 

Menino cresceu

Já aprendeu

A trabalhar

Vai gado guardar

Já vai lavrar

E semear

 

2.

Um e dois e três

Era uma vez

Um soldadinho

De chumbo não era

Como era

O soldadinho

 

Menino cresceu

Mas não colheu

De semear

Os senhores da terra

O mandam p'rà guerra

Morrer ou matar

 

Os senhores da guerra

Não matam

Mandam matar

Os senhores da guerra

Não morrem

Mandam morrer

 

A guerra é p'ra quem

Nunca aprendeu

A semear

É p'ra quem só quer

Mandar matar

Para roubar

 

3.

Um e dois e três

Era uma vez

Um soldadinho

De chumbo não era

Como era

O soldadinho

 

Dancemos meninos

A roda

No roseiral

Que os meninos lindos

Não nascem

P'ra fazer mal

 

Soldadinho lindo

Era o rei

Da nossa terra

Fugiu para França

P'ra não ir

Morrer na guerra

 

Soldadinho lindo

Era o rei

Da nossa terra

Fugiu para França

P'ra não ir

Matar na guerra

JMB: Como eu não tinha dinheiro para fazer o disco e a canção era uma canção que  se tinha tornado muito popular no seio da emigração portuguesa e não só, no meio da esquerda francesa, etc, dos que eram mais sensíveis aos nossos problemas, eu contactei-os e disse: «há este disco para fazer, era importante fazer este disco, vocês acham?» e eles: «achamos», «então, quantos exemplares é que querem comprar? E confiam-me o dinheiro antes de ver os discos ou não?». E, portanto, eu recebi dinheiro de compras antecipadas de exemplares do disco e foi com esse dinheiro que o disco foi feito. Tudo isto numa escala muito pequena.

SSA: A canção a esta altura era mesmo vista como uma arma ou era mais uma resposta ao que se estava a passar?

JMB: Sim sim sim. Mas, não fomos nós que inventámos. Já era em Portugal. Nas manifestações reprimidas de estudantes, nos plenários do movimento estudantil universitário, nas greves, etc., que se faziam em Portugal em condições de repressão muito dura, cantava-se sempre. Ou as canções heróicasdo Graça ou...

SSA: As que vieram a servir depois às campanhas de sensibilização do MFA? 

JMB: O «Canta Camarada Canta» [8] que foi uma canção quase emblemática da resistência anti-fascista em Portugal é uma cantiga de contrabandistas que foi recuperada pelo coro da Academia e depois recuperada pelo movimento estudantil universitário. Pronto. E em França é este percurso que se faz e é a partir do momento que há um estraçalhamento destas estruturas políticas de extrema-esquerda, a partir de 65, e pelo facto de um primo da minha mulher se esquecer ou deixar uma viola no nosso apartamento por onde passou em Paris que eu comecei a ter contacto com esse instrumento que eu nem conhecia. Eu tocava piano, tocava percussões, tocava flauta de bísel.

SSA: Acordeão também já tocavas...

JMB: Acordeon sim, porque tem um teclado, o acordeão de botões eu não sei tocar. 

O que se chamou na altura o ''movimento dos baladeiros''. O Zeca Afonso, o Adriano (Correia de Oliveira) e outros. Comecei a querer cantar as cantigas dos outros, eu também já gostava muito de outros géneros de canções: da canção poética francesa, canções brasileiras, canções anglo-saxónicas algumas. De forma autodidáctica comecei a pegar na viola, que tive de encordoar que até lhe faltavam cordas, e de ouvido a aprender a acompanhar-me a cantar canções, e é a partir daí que ponho a hipótese de me exprimir através desse meio.

SSA: E achas que contribuíste para largar essa conotação um bocado até pejorativa do ''baladeiro''?

JMB: Mais tarde, sim, mais tarde. Isso foi uma grande discussão, que nos levaria a horas de conversa.

SSA: Porque este termo ''o baladeiro'' surge sobretudo no meio comunicacional e social...

JMB: Sim. E sobretudo associado a uma grande pobreza musical das canções.

SSA: Aquelas pessoas que se faziam acompanhar de uma viola, sabiam dois ou três acordes...

JMB: Que sabiam três acordes, que faziam tudo igual e muitas das vezes contra a própria mensagem da poesia. Exclude disto completamente o Zeca Afonso, porque o Zeca Afonso era um caso absolutamente à parte, e que continua a ser, de grande riqueza poética e musical e sobretudo interpretativa, mas o que veio na esteira do Zeca foi esse ''movimento dos baladeiros'' que até leva depois o Raul Solnado a fazer um sketch a ridicularizá-los, não é? Mas, há excepções. A «Pedra Filosofal» do Manuel Freire [9]  é uma cantiga que foi uma viragem histórica pelas circunstâncias em que foi conhecida e que tem, digamos, qualidade poética e musical. 

SSA: Mas tu achas que essa expressão também tinha a ver com um certo movimento que se estava a criar na cabeça dos meios comunicacionais em Portugal de uma música engajada e de uma certa 'militância'?

JMB: A influência mais importante que havia em Portugal do estrangeiro era a francesa. Mesmo a palavra engajada vem do francês engagée que era o adjectivo aplicado à maior parte da canção poética francesa do pós-guerra, digamos essencialmente dos anos 50. Os meus pais, éramos pequeninos, davam-nos a ouvir George Brassens.

SSA: Leó Ferre muito provavelmente mais tarde.

JMB: Não. Não chegávamos tão longe, mas como eu trabalhei na rádio nesse período ainda antes de ir para França, nesse período mais agitado da minha juventude (eu trabalhei na rádio por causa da Parnaso) eu tinha contacto com muitas canções, com muita música que se fazia, que se tocava nas rádios. Essa postura da canção comprometida com uma realidade social penso que vem em primeiro lugar a partir da influência dos franceses, antes da canção brasileira sobretudo Dorival Caymmi, e mais tarde, só mais tarde, vem do lado anglo-saxónico de um certo ressurgimento da canção política italiana, porque também foi um país onde houve guerra e houve resistência.

SSA: Mas, também era o que passava nas rádios nessa altura?

JMB: Os estrangeiros passavam por vezes. Eu fiz o possível quando trabalhei na rádio para passar essas coisas. Até cantigas da guerra de Espanha eu passava. 

SSA: Em 1974 quando regressas a Portugal fundas o Grupo de Acção Cultural Vozes na Luta, com o qual ainda gravas dois fonogramas...

JMB: Gravámos uma primeira série de singles e Eps que depois foram reunidos num LP chamado «A Cantiga é uma Arma»[10] e participei no seguinte que é o «Pois Canté!»[11].

SSA: Qual era a relação da música que tu fazias com a indústria desta época? Era ou não muito expressiva a indústria nesta época?

JMB: Bem, com a experiência que eu trazia do disco «A Ronda do Soldadinho» e a radicalidade que enformava a própria existência do GAC, o GAC não nasce digamos por uma iluminação repentina no 25 de Abril, em Paris no ano anterior ao 25 de Abril já estava em gestação um grupo cuja ideia era precisamente isso: fazer música, e não só música, proibida, música ilegal, música de resistência, música subterrânea. Eu tinha tido uma cooperativa em que participei com amigos franceses chamada Organum já mais experiências de auto-edição de coisas marginais, completamente marginais, e que eram financiadas fora do sistema. E portanto, esse colectivo que estava em gestação em Paris, quando se dá o 25 de Abril, chamava-se Colectivo de Acção Cultural, estava o Luís Martins Saraiva, estavam uma série de pessoas que em Paris assumiam uma atitude mais ou menos parecida com a minha, que era de ruptura com o sistema. E portanto quando se chega a Portugal e o GAC depois ganha a configuração que ganha, primeiro foi uma grande misturada, nem se chamava Vozes na Luta era só Grupo de Acção Cultural, e depois esse grupo mais ou menos amorfo dividiu-se em vários, mais ou menos em função das diferenças políticas que haviam na esquerda portuguesa. Há uns que foram para o PC e fizeram um grupinho ligado ao PC, outros que eram da LUAR e fizeram um grupinho ligado à LUAR, para onde foi o Zeca Afonso e o Sérgio (Godinho), etc. Nesse primeiro GAC digamos que claramente maoista, e definido como de extrema-esquerda maoista.

SSA: Onde tu também estavas.

JMB: Ao princípio só estive eu. Dos conhecidos, só estive eu, o Fausto, o Tino Flores e depois todos aqueles jovens que vieram do coro da juventude musical e do instituto gregoriano que foram uma nova geração, alguns deles estão hoje nos Gaiteiros (de Lisboa): o Rui Vaz, o Carlos Guerreiro e o Pedro Casaes, pelo menos esses. Mas, era sobretudo o Luís Pedro Faro e as pessoas deste tipo que vieram dar solidez artística e uma nova energia aquele grupo de ''pós-baladeiros''.

SSA: Mas, havia rivalidades nessas várias esquerdas e isso reflectia-se também na música? 

JMB: Enormes, enormes. Isso seria outra conversa. O GAC que fica dessa discussão e dessas diferentes cisões assume a sua ligação política com a esquerda maoísta que é introduzindo o nome «Vozes na Luta», passa a ser Grupo de Acção Cultural Vozes na Luta.

SSA: «Ser Solidário», «Margem de Certa Maneira», «A Noite» e o emblemático «FMI»[12]. Muita coisa mudou, em termos territoriais, sociais, políticos, de concepção musical também.

JMB: A Margem (referindo-se ao fonograma com edição de autor, editado no ano de 1972, em França «Margem de Certa Maneira») é Paris ainda. Depois entrei para a Comuna (Teatro A Comuna) em 77 ou 78, já não sei, para fazer A Mãe que também dá origem a um LP e depois, em fim de Janeiro de 79, há uma cisão na Comuna, a Manuela (referindo-se à sua companheira Manuela de Freitas, letrista e actriz), eu e outros formámos um novo grupo que se chama Teatro do Mundo e é já no contexto do trabalho no Teatro do Mundo que eu começo a produzir uma série de canções que vêm a dar o projecto «Ser Solidário». O «Ser Solidário» foi recusado por todas as editoras, na maioria dos casos por eu querer incluir o FMI, ficaram todos assustados, o Tozé Brito por exemplo respondeu-me por escrito que já lá tinham um Sérgio Godinho na Polygram e que era a mesma coisa. Mas, foi recusado por todas as editoras. Valentim de Carvalho, Polygram, a que depois se chamou Sony, todas. 

O grupo Teatro do Mundo decidiu levar à cena o concerto «Ser Solidário» e diz-se mais uma vez a mesma coisa: convidei o público a pré-financiar a existência do disco. Foi assim que o disco foi feito. Ele tem uma etiqueta comercial (Edisom), porque entretanto surgiu essa nova editora, que era do Zé da Ponte e do Guilherme Inês, que aceitou editar o disco e fazer ao lado um maxi-single do «FMI», mas já estava tudo gravado e pago. Os concertos foram em 80 e  81, sempre esgotados. Acabou por sair em 82 o disco.

SSA: A maneira que tu tinhas de ser fiel às tuas convicções no fundo era nunca ceder à indústria?

JMB: Era. E as pessoas assinavam um talão, davam quinhentos escudos, eu ficava com o nome e a morada e depois com a promessa de que quando saísse o disco eles recebiam o disco em casa. 

SSA: Achas que foi isto que fez também com que tu sempre estivesses tão próximo do público? O facto de não haver uma barreira ali da indústria?

JMB: Talvez. Em 85 com «A Noite» acontece exactamente a mesma coisa. 

SSA: Aquilo está cheio não é? Aquilo é gravado ao vivo e pelo menos no áudio parece que está muita gente ali.

JMB: Está está. Aí foi com talões publicados nos jornais. Sempre esgotado. Duas épocas de um mês cada uma. Em Outubro e Novembro de 1980 e em Maio de 81. Sempre esgotado. E depois, quando sai o disco em 82, acho que também em Maio, foi na Aula Magna esgotada também para entregar os discos às pessoas. 

Realmente, criou uma almofada de público para este tipo de canções, que está muito a cavalo entre esse fenómeno de que tu falas digamos que da marginalidade de certos cantores, e depois o outro fenómeno que é uma coisa muito forte que ficou do PREC, que é: a identificação política, não é? Estes são os nossos cantores. E isso é que me fez dizer alguma vez: nós éramos aqueles a quem a esquerda chamou «os nossos» e depois da derrota da esquerda a direita chamou «os deles». Por isso a partir do refluxo da revolução em 76, 77, 78, nós fomos totalmente cortados dos meios de comunicação, abolidos, não havia rádio nem televisão para nenhum de nós. A única maneira era ir ter com as pessoas e fazer concertos. 

Referências bibliográficas

[1] Recolha de entrevista de Soraia Simões de Andrade a José Mário Branco foi reublicada no projecto liderado pela The British Library com a Quota MS_00029 Europeana Sounds, do minuto 7 ao minuto 40 do áudio disponibilizado no Portal Mural Sonoro, área «História Oral». Fonogramas gravados com ed.de autor e/ou financiados em pré-compra pelo público: Ronda do Soldadinho (Single, Ed. Autor, 1969) Single; Margem de certa maneira (LP, Guilda da Música, 1973) LP/CD; A Mãe (LP, 1978) LP; Ser solidário (2LP, Edisom, 1982); FMI (Maxi, Edisom, 1982); A Noite (LP, UPAV, 1985)

[2] Luís Cilia foi o primeiro cantor que no exílio denunciou a guerra colonial e a falta de liberdade em Portugal. A sua actividade constante, a partir de 1964, tanto discográfica como no que diz respeito à realização de recitais, fê-lo profissionalizar-se em 1967. Durante vários anos dedicou-se ao estudo de harmonia e composição. Recolha de entrevista de Soraia Simões de Andrade a Luís Cilia realizada em Agosto de 2013. Disponível com a Quota MS_00041 Europeana Sounds. Disponível no Portal Mural Sonoro, área «História Oral». Fonogramas gravados com ed.de autor durante o exílio em Paris: 1964 -"Portugal-Angola: Chants de Lutte" (França); 1965 -"Portugal Resiste" (França e Itália); 1967 -"La Poésie Portugaise de nos jours et de toujours" nº1 (França e Espanha (1968); 1967 -“O Salto” (França); 1969 -"La Poésie Portugaise de nos jours et de toujours" nº2 (França e Espanha (1973); 1971 -"La Poésie Portugaise de nos jours et de toujours" nº3 (França); 1973 -"Contra a ideia da violência a violência da ideia"   (França, Portugal (1974) e Espanha (1975); 1973 -“Meu País”  (França e Portugal(1974) reedição melhorada do  LP  “Portugal, Angola - Chants de Lutte”; 1974 -"O guerrilheiro"  (Portugal); 1974 -“O povo unido jamais será vencido” (Portugal - duas edições distintas); 1975 -"Resposta"  (Portugal e França); 1976 -"Memória"   (Portugal, Espanha, RDA , Itália e Bulgária); 1981 -"Marginal" (Portugal); 1982 -"Cancioneiro"  (Portugal) reedição de “O guerrilheiro”, com regravação de voz

[6] Margem de Certa Maneira, Mês e Ano de edição: Dezembro de 1972, Edição de autor, José Mário Branco.

[7]  A Ronda do Soldadinho, Edição de Autor, 1969, José Mário Branco.

[9]  «Pedra Filosofal», Música: Manuel Freire, Letra: António Gedeão

[10]   «A Cantiga é uma Arma», 1975, compilação dos quatro primeiros singles, Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta (GAC) 1974 - 1978.

[11]  «Pois Canté!», 1976, canções compostas maioritariamente por José Mário Branco e João Lóio, tendo como referência/suporte instrumentação de cariz tradicional como adufes e bombos, mas onde estão presentes de igual modo instrumentos de cariz clássico como oboés e violinos. Os poemas são de cariz intervencionista e é um dos fonogramas que mais marca este colectivo.

[12]  Fonogramas da autoria de José Mário Branco que marcam distintas fases do percurso do músico e compositor.

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1/2 Palavra Basta: Apresentação Associação Mural Sonoro

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1/2 Palavra Basta: Apresentação Associação Mural Sonoro

No dia 2 de Outubro, quinta-feira, pelas 19h30 Soraia Simões esteve, a convite da Associação Renovar A Mouraria, mais especificamente no espaço com o nome Mouradia no  ''1/2 Palavra Basta’’, a explicar o que é o Projecto Mural Sonoro, existente desde o ano de 2011, e a Missão que está ligada à criação da Associação Mural Sonoro, formada em Fevereiro deste ano para estudar a Música Popular em Portugal, mas não só.

Crédito Fotografias: Carla Rosado (Associação Renovar a Mouraria)

Vídeo e Montagem: Carlos Gomes

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Entrevista Integral  para Suplemento Cultural ESCAPE  do Jornal 'La Rázon'

Entrevista Integral para Suplemento Cultural ESCAPE do Jornal 'La Rázon'

Entrevista integral traduzida para  português de Jairo Marcos para Suplemento Cultural do Jornal da Bolívia La Razón (Edición Impresa)

Jairo Marcos (La Razón)  Que é o fado? Ou seja, como é que se pode definir brevemente esta música a uma pessoa totalmente estranha? 

Soraia Simões (Mural Sonoro) Como qualquer prática musical de matriz urbana é complexo defini-la em parcas palavras, sobretudo devido à sua mutação, permeabilidade com novos intérpretes, criadores, poetas, guitarristas e letristas, mas para quem tem curiosidade em conhecê-lo o melhor é ouvi-lo. As definições a respeito da sua significância são por norma feitas numa perspectiva indutiva e afectiva por parte dos seus intervenientes: os fadistas. E dentro dos mais diversos discursos há quem a ele se refira, do ponto de vista poético-literário mas também emocional, como uma canção popular identificativa da cidade de Lisboa e usando na adjectivação a respeito deste domínio frequentemente as palavras ‘’saudade’’ e ‘’destino’’. Mas, qualquer comunidade de prática tem um conjunto variado de valores expressos nos discursos que lhe imprimem conotações variadas, pelo que a sua definição é sempre redutora. Os aspectos e nomes que o enformam são o que, quanto a mim, melhor caracterizam o género: os fados tradicionais (o ‘’corrido’’, o ‘’menor’’ e o ‘’Mouraria’’), os poetas, letristas, criadores, intérpretes vários que carregam a sua história e ajudam à sua identificação. Esses são impreteríveis conhecer, além da evidência para a maioria dos estrangeiros que é Amália Rodrigues, como sejam: Hermínia Silva, Fernanda Maria, Beatriz da Conceição, Maria Teresa de Noronha, Jaime Santos, Martinho de Assunção, Raul Nery, Armandinho, Joel Pina, Fontes Rocha, Alfredo Marceneiro, Fernando Maurício, Lucília do Carmo, Linhares Barbosa, Carlos do Carmo, poetas e compositores que lhe imprimiram outras nuances como: David-Mourão Ferreira, Alain Oulman, Pedro Homem de Mello, Frederico de Brito, José Carlos Ary dos Santos, etc e outros contemporâneos e que ora fizeram crescer o entendimento sobre o género ora levá-lo para um mar convulso cheio de influências variadas de outros campos da música popular, e até erudita em alguns casos particulares, e com outras esferas de ouvintes/públicos, que foi alargando o espectro da recepção musical como: Mafalda Arnauth, Mísia, Aldina Duarte, Cristina Branco, Camané, Pedro Moutinho, Herder Moutinho, Carminho, Ana Moura, Jorge Fernando, Raquel Tavares, Jaime Santos Jr, Ricardo Rocha, Marco Oliveira, Ricardo Ribeiro, e autores de poemas e letras como: Maria do Rosário Pedreira, Manuela de Freitas, Tiago Torres da Silva ou José Luís Gordo entre tantos outros. 

Jairo Marcos (La Razón) Quais são os elementos chave de um fado? Estou a pensar por exemplo se é suficiente com uma letra qualquer e um bom fadista. Ou é necessário também uma atmosfera concreta, sempre uma guitarra, etc.? 

Soraia Simões (Mural Sonoro) Bom, a resposta a esta questão está praticamente dada em alguns dos nomes que refiro atrás, na pergunta anterior, mas há na realidade determinadas características que são a história e vivência deste universo: ser tocado com uma guitarra portuguesa, uma viola e uma voz, ter na sua estrutura poético-literária quintilhas, sextilhas, redondilhas maiores e menores, um leque de poetas e letristas que o vão mantendo vivo e interessante dentro e fora da comunidade de prática. De qualquer modo, dada a sua transversalidade, temos exemplos de gente do fado que não obedece a estas características de um modo estaticista e mesmo assim fez ou faz fado. O caso de Rão Kyao que tocou saxofone e flauta em discos de fado ou, entre outros, o caso do piano usado neste universo musical como, entre outros no passado, o fez recentemente o pianista Júlio Resende de um modo bastante interessante. 

Jairo Marcos (La Razón) Reflecte o fado o caráter português? É a melancolia do fado mais uma projeção da forma de ser dos portugueses em geral? 

Soraia Simões (Mural Sonoro) Reflecte, como qualquer outra prática musical em Portugal, características dos indivíduos que o compõem e nele cooperam há um largo tempo. Mas, há fados mais melancólicos, outros mais alegres, outros jocosos, há até os reivindicativos. Como qualquer prática musical e cultural atenta sobre as vivências das pessoas que o habitam. E essas pessoas têm características sociais, humanas, estéticas e ideológicas que variam. O fado, como qualquer género, reflecte isso: essas vivências, essas emoções.

Jairo Marcos (La Razón) Falamos em todo caso de uma música de classes? Ou seja, é uma música hoje universal mas com origens populares, origens que continuam presentes atualmente nas suas letras? 

Soraia Simões (Mural Sonoro) Como qualquer música popular, dada a mutabilidade das sociedades, agentes e executantes que dela fazem parte, congrega todo o tipo de grupos sociais e isso reflecte-se nas letras e no modo de interpretar, tocar e até na gravação.

Jairo Marcos (La Razón) Como é que se define o momento actual do fado? Estou a pensar por exemplo na aposta de Ana Moura com ‘Desfado’. Significa que o fado está a evoluir e que também pode ser alegre?

Soraia Simões (Mural Sonoro) Mas, o fado, como disse há pouco, sempre foi tudo isso: alegre, triste, comovido, displicente, eloquente, telúrico, jocoso e mais adjectivos que lhe queiram colocar. Basta escutar alguns dos nomes que lhe referi na resposta às perguntas antecedentes para reparar que ele sempre teve tudo isso e muito mais. 

Jairo Marcos (La Razón) O fado foi declarado Património Imaterial da Humanidade. Quais são as consequências disto? Por quê é importante? 

Soraia Simões (Mural Sonoro) Acho que ele continuará vivo como sempre esteve, profissionalizante como sempre foi, a questão da candidatura veio especialmente permitir estudá-lo, contextualiza-lo e conseguir com que uma das práticas culturais e musicais mais expressivas em Portugal não fosse encarada num plano de secundarização. Veio, quanto a mim, apenas reforçar o seu interesse para a vida dessa comunidade (a artística e a da cidade de Lisboa sobretudo) tornando-a um objecto de interesse para a sociedade portuguesa e para a vida cultural dessas comunidades.

La Razón (Edición Impresa) / María Ángeles Fernández y Jairo Marcos, Reportagem, 06 de Abril de 2014

Entrevista sobre Mural Sonoro para FCSH - Universidade Nova de Lisboa

Entrevista sobre Mural Sonoro para FCSH - Universidade Nova de Lisboa

A autora do projecto Mural Sonoro foi convidada pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa para um diálogo sobre este trabalho. O resultado da entrevista foi, entre outras redes desta universidade, publicado aqui.

1)Transcrição da entrevista do Blogue da FCSH-UNL/2)Transcrição para inglês de Luís Peres

O projecto “Mural Sonoro” da responsabilidade da nossa antiga aluna Soraia Simões da Pós-graduação em Estudos de Música Popular, tem por objectivo o estudo e divulgação das práticas musicais e manifestações culturais locais em Portugal, associadas à migração e à diáspora. Leia a entrevista realizada a Soraia Simões sobre este projecto:

Como surgiu a ideia de transpor um trabalho da pós-graduação para um projecto como o Mural Sonoro?

Este Projecto começou por ser um Blogue criado em 2009 e reunia sem qualquer linha de estudo à altura um considerável conjunto de entrevistas que fui pontualmente fazendo a músicos e compositores portugueses e estrangeiros para publicações locais com as quais colaborava desde 1999 em “part-time”.

 

Com o curso que fiz e os conhecimentos científicos teórico-práticos que adquiri acerca das práticas musicais, a teoria e método da etnomusicologia e os processos de produção e recepção musical transformei esse acervo inicial numa ferramenta de utilidade não só para o conhecimento dos processos de produção e recepção musical em Portugal, como para as comunidades de prática com que me tenho vindo a envolver no contexto da Música Popular dentro de universos musicais com características próprias, que se sentem valorizadas com esse cuidado e preocupação (os construtores de instrumentos, os detentores de espólios particulares inestimáveis, os autores, os compositores e intérpretes), mas também para a grande maioria dos públicos que raramente tem acesso, julgo que devido à fraca tradição musical, cultural e científica que o nosso país tem e ao desconhecimento sobre o estudo sobre músicas e cultura popular, e a meu ver poderia, dada a forma como ia expondo as recolhas de dados, de novas entrevistas que vim a fazer, as sessões mensais de conversa de entrada livre no Museu da Música (entidade parceira) sob temas abordados nessas entrevistas, contribuindo para o aproximar desses conhecimentos e numa última instância: colocar a comunidade no geral e a institucional que pode decidir a comprometer-se com a valorização da Música como se compromete com outras culturas em Portugal num plano de desenvolvimento educativo, social, económico e até político-ideológico.

 

Tendo eu noção, analisando as reuniões de trabalho que fui tendo nos últimos dois anos por causa deste trabalho, que os últimos três itens parecem quase impossíveis de conceber na cabeça de grande parte daqueles que decidem. Mas, é algo em que acredito. Tal como acredito que seja possível o Estado deixar de olhar para a ideia de ter um Arquivo Sonoro como se de uma Fonoteca se tratasse. Talvez seja fácil de entender porque é que há tantas ‘’Fonotecas’’ ao invés de um Arquivo, à excepção da de Coimbra, não é só por uma mera questão de “linguagem apelativa ou turística”.

 

 Que expectativas tinha para o trabalho que está a desenvolver e de que forma elas foram atingidas ou superadas?

Achei no início que as comunidades de prática (considerava isso no fado por exemplo. Agora sei que era uma ideia pré-concebida) se fechavam em si mesmas, que seria muito difícil eu dialogar com os seus agentes sem esbarrar em discursos formados e impenetráveis, que eu ia ser “a de fora” e que havia uma forte probabilidade de me verem, e se eu conseguisse gravar uma que fosse entrevista, como alguém que podia ser um veículo para a sua promoção, divulgação emitindo-me apenas o que lhes interessava dizer. Estava enganada. Andei quase um ano a conviver com os tocadores, as casas de fado, os músicos, ainda hoje fico até às tantas da manhã e nem registo nada, acho até que os momentos mais descritivos são aqueles que não vão ficar registados. Não só no fado. E acho que a envolvência que assumi, o facto de ficar muitas horas a digitalizar informação e a fazer-lhes perguntas me abriu a porta de um modo que nunca esperei quando finalmente disse que queria começar a recolher entrevistas com eles. Portanto, as minhas expectativas iniciais eram apenas de reunir informações, o máximo das que conseguisse, para mais tarde ter dados que eu mesma tinha recolhido, e não baseada apenas em bibliografia alheia, para fazer uma tese.

As minhas expectativas foram mais que superadas, aprendi que tínhamos afinal todos a mesma vontade: enriquecer, contextualizar e valorizar as suas práticas e as relações de proximidade e ambiente colaborativo e quase familiar começaram a sustentar este trabalho, mais até que as horas que ainda passo de bibliografia em bibliografia. O Mural Sonoro cada vez fez na minha cabeça e na vontade que assumi mais sentido.

- Considera que este é um trabalho que ainda não estava feito? Como pensa continuar a desenvolvê-lo e expandi-lo?

Considero, sim.

E explico-lhe melhor porquê: acho que existem trabalhos cujo enfoque pode ser o mesmo, o caso da Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX sob a coordenação da professora Salwa Castelo-Branco, mas a forma como é abordado termina no momento em que a Obra é editada e publicada, no caso do Mural Sonoro há um trabalho que vive a cada dia, a cada etapa, onde há a disponibilização deste trabalho por temas que são assuntos recorrentemente levantados nas conversas gravadas, as recolhas de entrevistas gravadas e transcritas e as Sessões que ficarão na Fonoteca do Museu da Música para consultar, onde existirão publicações e registos documentais e sonoros no âmbito e onde existe uma base de dados que metodologicamente entrelaça o método etnográfico com a pesquisa bibliográfica e criação de uma nova leitura no âmbito. Estará em frequente actualização e poderá servir vários campos de acção: a investigação, as comunidades de prática, os estudantes, os autores e até os meios de difusão.

Expandir este trabalho prender-se-á com algo que desejo há muito. Ter um espaço onde situar todo o trabalho desenvolvido. Um Espaço físico que funcione como Centro de Documentação e Investigação que crie Parcerias com Universidades e Escolas do Ensino Preparatório e Secundário, além da que tenho desde o ano de 2013 com o Museu da Música onde as sessões mensais se realizam.

Um Espaço que na sua base tenha o Arquivo do Mural Sonoro com as entrevistas na íntegra, as transcrições, etc. e um auditório onde exposições de instrumentos que foram gravados, apresentações de construções de instrumentos, aulas com alguns dos músicos gravados, aulas de instrumentos específicos para crianças que não têm acesso ao ensino musical gratuitamente, congressos no âmbito, pequenos espectáculos e intercâmbios com músicos e investigadores estrangeiros possam acontecer.

Um objectivo que dependerá de conseguir ou não esse espaço na cidade de Lisboa. Uma Associação já temos. Foi feita esta semana e nela estão sócios sem vínculos e fundadores que formam o corpo de trabalho que vivem em Portugal e no estrangeiro (Brasil, Londres, Hong Kong) com os quais tenho colaborado e eles comigo.

- Qual tem sido o aspecto mais gratificante na elaboração do Mural Sonoro e na sua divulgação através de site e redes sociais?

O reconhecimento que o trabalho foi tendo, especialmente no meu campo de trabalho, e o facto de parte do trabalho, já que só parte é disponibilizado online, servir como uma das fontes sobre práticas musicais em Portugal, sobretudo as de cariz profissionalizante, para Investigadores, com os quais tenho trocado experiências, da Universidade de Campinas, em São Paulo.

Project 'Mural Sonoro' 

Published 17 February, 2014 by FCSH/NOVA

 

The  project  'Mural  Sonoro,' the responsibility  of  our  former  postgraduate student  in  Estudos  de  Música Popular [Studies  in  Popular Music]  Soraia  Simões,  aims  at studying  and  promoting musical  practices  and cultural expressions associated with migration and the diaspora. Read the interview with Soraia Simões about this project.  

 

‐ How did the idea of developing your post‐graduate work into a project like Mural Sonoro come about?   

This  Project started  out  as  a  blog  created  in  2009  and  it  comprised,  without  any  adequate  investigative approach, a considerable amount of interviews with Portuguese and foreign musicians and composers which were regularly conducted by me and were destined to local publications with which I had been in part‐time collaboration since 1999. 

Through  my  degree  and the  knowledge that  I  gained  – scientific, theoretical  and  practical  –  of  musical practices, the theory and method of ethnomusicology, and the processes of musical production and reception, I changed this initial collection into a user tool. My aim with this tool was beyond facilitating knowledge about the production and reception of musical processes in Portugal; I also wanted it to be used by the musical communities with whom I've been involved in the context of Popular Music within particular musical spheres, who feel  valued  by the  care  and  concern (the  instrument makers, the  holders  of  particular  heritages  of inestimable value, the authors, composers and interpreters). Additionally, it was also meant to be used by the great number of audiences who seldom have access to this kind of information – probably on account of the poor musical, cultural and scientific background in our country, as well as the lack of awareness regarding the study of music and popular culture. I believe they could gain this access through exposure to the data, the new interviews conducted by me, the monthly talks at the Museu da Música [Music Museum] (our partner entity) which  are free  of  charge,  on themes discussed  in those  interviews.  These  have been  contributing to the narrowing of the distance between the audiences and this knowledge, ultimately placing the community in general, and the professional, who may decide to commit themselves to valuing Music in the same way as they commit  to  other  cultures  in  Portugal,  within  an  educational,  social,  economic,  and  even  political  and ideological development strategy.  

I'm well aware, upon considering the work meetings attended in these last two years whilst working on this project, that the last three items seem almost impossible to take shape in the mind of the majority of those calling the shots. But this is something I believe in – as I also believe that it's possible for the government to start conceiving the idea of a Sound Archive as something more than an audio library. Perhaps it's not so difficult to understand why there are so many "audio archives" instead of an Archive, apart from the one in Coimbra. It's not merely an issue of 'catchy or touristic parlance.' 

‐ What were your expectations regarding the work you're doing and to what degree were they fulfilled or exceeded?   

In the beginning I had a preconceived idea that musical communities (I thought in this way about fado, for instance) tended to build a wall around themselves; that it would be quite difficult to engage in a dialogue with their agents without clashing against fixed and indecipherable discourses; that I would always be seen as 'the outsider' and that there was a strong probability of being seen ‐ and this even if I did manage to record a single interview  ‐ as someone who might be a useful vehicle for self‐promotion, with the result of being told only what was in their interest to divulge. I was wrong. I spent almost one year among instrument players, fado houses, and musicians – as I still do – often until the early hours in the morning, without making any records. I even think that the most illustrative moments are those which won't end up in the archive. And this didn’t only happen within the fado community. I also believe that by way of my commitment, by the fact that I've spent many hours digitising information and asking them questions, I had the door opened to an extent I never expected when I finally informed them of my plan to start gathering interviews. So, my initial expectations were only to gather information, as much as I could, so that later I could have my own data, instead of other people's bibliographies, to complete my thesis.    

I  far  exceeded  my  expectations.  I  discovered  that,  after  all,  we  entertained  the same  wish:  to  enrich, contextualize and value their practice. And the intimacy, as well as the collaborative and almost family spirit we achieved, began sustaining this work, even more than the hours I still spend jumping from one biography to another. As my ideas became clearer and my determination stronger, the project Mural Sonoro began to make ever more sense.   

‐ Do you consider this work to be absolutely innovative?  How are you planning to develop and expand it?  

Yes, I do.  Let me explain why: I believe that there is already work which may focus on the same, such as the Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX [Music Encyclopaedia in Portugal in the XX Century], overseen by Salwa Castelo‐Branco, but the effort stops after the work is published. It's different with Mural Sonoro where there is an ongoing  effort, step by step; where the recurrent subjects raised  in our recorded meetings  are made available, the  collection of interviews which are recorded and transcribed, and the Sessions which will be archived  and  available to the  public  in the  audio  library  at the  Museu  da  Música;  where there  will  be publications as well as audio and physical archives within that framework; and where you can find a database where the ethnographic method and the bibliographic research combine to produce a new take on this field.             

This will be  continuously updated and it may be useful for different fields of action: for research, for the practice communities, for students, for authors and even for media broadcasts.  

Expanding this work  is something  I've been wishing to do for  a  long time.  To have  a space where  I  can assemble all the work produced. A physical Space that works as a Documenting and Research Centre that allows me to create partnerships with Universities, Prep and Secondary Schools, beyond the work I've been doing with the Museu da Música since 2013 where the monthly sessions are held.    

A  Space based on the Archives of the Mural Sonoro, with all the interviews, transcriptions, etc., and anauditory where we could exhibitthe instrumentsrecorded, have workshops on constructing instruments, offerlessons by some of the musicians in the archive, as well as lessons on specific instruments for children who don't  have  access  to  free  musical  education,  conferences  within  the  field, small  performances,  and  an exchange programme with musicians and researchers from abroad.  

This is a goal dependent on whether I manage to get facilities in the city of Lisbon or not.  We already have an Association. It was created this week and its members include partners without contractual obligations and founder members living in Portugal and abroad (Brazil, London, Hong Kong) with whom I've collaborated.

‐ What was the most gratifying aspect so far of building and divulging Mural Sonoro via websites and social networks?  

The recognition thework has been receiving, especially in my field of work, and the fact that that part of the project, since only a part of it is available on‐line, is being used as one of the sources concerning musical practices in Portugal, particularly those of a professional nature, used by researchers with whom I've been exchanging experiences, from the Universidade de Campinas in São Paulo.  

Luís Peres, London Metropolitan University, trad.