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Meio século após o falecimento do escritor Neo-Realista Alves Redol, e três décadas depois da queda do muro de Berlim, a companhia Cegada leva ao palco do Teatro-Estúdio Ildefonso Valério, no concelho de Vila Franca de Xira, uma peça sobre a coragem de quem passa fronteiras clandestinamente - numa procura de intencional à pertinência com os dias de hoje, seja pelo polémico muro do México, as mortes do Mar Mediterrâneo que atormentam a política Europeia, ou outros casos menos mediáticos do mundo contemporâneo.

Inspirada na realidade portuguesa da década de sessenta, a peça revela que muitos homens já se tinham aventurado pela travessia clandestina fugindo do seu país e propõe-se partilhar a realidade das mulheres que os seguem, em busca do sonho de uma vida melhor junto dos que (ainda) julgam seus.
Este é o momento histórico em que o autor apoia o seu última peça de teatro, editada postumamente em 1972.

Num abrigo caldestino (o pai, o filho e um colaborador) passa um grupo de migrantes, cinco mulheres. No primeiro acto apresentam-se ao que vêm e partilham os sonhos que as motivam a colocarem-se, de forma tão vulnerável, sob as regras dos contrabandistas - únicos que devido à sua actividade profissional conhecem as fragilidades das autoridades vigilantes, os segredos da montanha, e deles fazem uso a troco de dinheiro. São todas mulheres - o autor faz regularmente uso da ideologia associada à estética Neo-Realista para expor o ponto de vista do feminino, o papel da Mulher e a sua condição entre os homens na miséria.

O traficante (a personagem com o nome de Velho) é um homem traumatizado pela perda da juventude. Assombrado pela aproximação da morte pela idade decide enriquecer a todo o custo para garantir evitar a miséria na velhice. Permite que todas migrantes passem, continuem a sua travessia, excepto uma que o este dono do negócio impede de continuar caminho, alterando assim a sua condição de migrante para prisioneira.

Ao compreender a sua posição de clausura esta mulher (nunca definida claramente pelo autor - por se tratar de uma migrante ideológica e a sua indefinição permitir a fuga da obra dramática à censura literária do regime) irá então promover um jogo de sedução e conflito no seio da quadrilha (pai e filho: contrabandistas) até descobrir o caminho secreto que lhe permite a fuga pela montanha e recuperar a liberdade.

MULHER: "Haja o que houver, o país para se viver é o nosso. (...) Há que procurar nele a felicidade .Exigi-la, se for necessário.(...) Vou entrar num jogo difícil para sair daqui, mas liberdade não tem preço.
(…)
VELHO:"Um dia também tu chegarás à minha idade. Só então saberás o que é a incurável doença da idade. (...) Vê se imaginas o que é caminhar todos os dias para qualquer coisa de irremediável."

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Notas

FICHA ARTÍSTICA
TEXTO: Alves Redol
ENCENAÇÃO: Rui Dionísio
ELENCO ORIGINAL: João Cabral, Susana Sá, Marques d'Arede, Elisabete Piecho, Erica Rodrigues, Tó Zé Santos, Fátima Encarnado e Bruna Costa
PRIMEIRA ASSISTENTE: Sara Monteiro
CENOGRAFIA E FIGURINOS: Ana Paula Rocha
MONTAGEM E CARPINTARIA DE CENA: Abel Duarte, Fábio Duarte e Rui Santos
ILUMINAÇÃO E SONOPLASTIA: Vladimiro Cruz
GESTÃO ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA: Eduarda Oliveira
ESTAGIÁRIAS: Ana Lima, Catarina Tavares e Sara Rodrigues
CRIAÇÃO: Cegada Grupo de Teatro

- Quintas-feiras, dias 7 e 14 às 21 horas
- Sextas-feiras, dias 8 e 15 às 21 horas
- Domingos, dias 10 e 17, às 11 horas

No contexto da epidemia mundial COVID-19, o  acesso ao espectáculo é efectuado com base em todas as práticas de saúde pública recomendadas pela Direcção-Geral de Saúde e os horários apresentados encontram-se de acordo com as mediadas de contingência decretadas pelo Governo de Portugal.

Solicita-se particular atenção para o facto de todas as reservas estarem sujeitas à lotação da sala em formato de contingência pandémica (43 lugares) pelo que se aconselha a efectivação antecipada da reserva:

INFORMAÇÕES E RESERVAS

926 941 164 - 
publico.teiv@gmail.com

A companhia Cegada iniciou a sua actividade em 1986 sob a direcção artística de Ildefonso Valério, formalizando-se em 2000 com a figura jurídica de Associação Cultural sem fins lucrativos. Após passar por diversos espaços improvisados onde apresentou as suas criações ao longo dos anos, passa a residir no TEIV - Teatro-Estúdio Ildefonso Valério em Alverca do Ribatejo em 2004 e, a partir deste espaço cultural público, organiza o primeiro festival de teatro de toda a região Norte de Lisboa.
Com a direcção artística de Rui Dionísio profissionaliza-se em 2012. Em 2017 desenvolve uma programação artística anual, de criação e acolhimento, no TEIV - Teatro Estúdio Ildefonso Valério.

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