64ª Recolha de Entrevista
Quota MS_00041 Europeana Sounds
Luís Cília nasceu no Huambo (Angola) no ano 1943.
Veio para Portugal em 1959, onde deu continuidade à sua formação académica.
Em 1962 conheceu o poeta Daniel Filipe que o incentivou a musicar poesia. É nesse ano que tem as suas primeiras experiências nesse âmbito (“Meu país”, ”O menino negro não entrou na roda”, que viriam a ser incluídos no seu primeiro registo fonográfico gravado em França, para a editora Chant du Monde). Em Abril de 1964 partiu para Paris, onde viveu até 1974.
Em França estudou guitarra clássica com António Membrado e composição com Michel Puig.
Entre 1964 e 1974 realizou recitais em quase todos os países da Europa.
Depois do seu regresso a Portugal continuou a gravar discos, como compositor e intérprete e a realizar recitais. Como intérprete gravou dezoito discos, alguns dos quais dedicados exclusivamente a poetas tais como Eugénio de Andrade (“O Peso da Sombra”), Jorge de Sena (“Sinais de Sena”) ou David Mourão Ferreira (“Penumbra”).
Nos últimos anos tem-se dedicado apenas à composição, nomeadamente para Teatro, Bailado e Cinema.
Nesta recolha de entrevista Luís Cilia recorda as motivações que estiveram na origem do seu percurso como músico, intérprete e sobretudo compositor e produtor, as suas referências culturais e musicais, alguns sectarismos que o fizeram gerar polémica nos universos por onde à data gravitava (como, em exemplo, conta a respeito de uma célebre entrevista que deu, logo no dia 25 de Abril de 1974 a Mário Contumélias, em que afirmava que o fadista Alfredo Marceneiro era um cantor revolucionário, dizendo isto para contrariar a envolvência sectária de alguns ‘militantes da época’ a respeito do universo do fado), de algumas das histórias e ideias que vivem em alguma da sua obra discográfica, etc.
Luís Cilia foi o primeiro cantor que no exílio denunciou a guerra colonial e a falta de liberdade em Portugal. A sua actividade constante, a partir de 1964, tanto discográfica como no que diz respeito à realização de recitais, fê-lo profissionalizar-se em 1967. Durante vários anos dedicou-se ao estudo de harmonia e composição. Formação musical e experiências que o tornaram num dos mais respeitados compositores do século XX e da actualidade, procurado pelas mais distintas instituições, nomeadamente desde que, nos anos 80, optou exclusivamente pela composição devido às muitas solicitações, e elogiado por outros autores de modo frequente como o caso do músico José Mário Branco, do escritor Urbano Tavares Rodrigues ou dos músicos Pedro Caldeira Cabral e Sérgio Godinho, entre tantos outros.
© 2013 Perspectivas e Reflexões no Campo
Fotografias: Augusto Fernandes
Recolha em Casa de Luís Cilia
Nota: Projecto da RTP on-line Extrema-Esquerda: porque não fizemos a revolução?, temáticas do filme O Salto, por Soraia Simões, aqui »»»
Nota importante: Em Março de 2017 relembrava a Luís Cilia o concerto “La Chanson de Combat Portugaise”, do qual a RTP, cumprindo a sua missão de serviço público, disponibiliza agora uma boa parte no seu arquivo on-line* (1), hoje recebo uma mensagem do Luís «Soraia, tem o (ignóbil) panfleto que esse grupo distribuiu à entrada da Mutualité? Se não tem posso enviar-lhe (...)». «Envie-me Luís. Adorava ver isso». E aqui está ele, servindo-me no trabalho e cumprindo (me) também na minha missão.
O panfleto é assinado pelo Comité «Viva a Revolução, mas Proletária». (1)*RTP Arquivos** aqui »»»
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