46ª Recolha de Entrevista
Quota MS_00059 Europeana Sounds
© 2013 Perspectivas e Reflexões no Campo
fotografias de Susana Almeida
46ª Recolha de Entrevista
Quota MS_00059 Europeana Sounds
© 2013 Perspectivas e Reflexões no Campo
fotografias de Susana Almeida
45ª Recolha de Entrevista e de instrumentos musicais
Quota MS_00012 Europeana Sounds
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2012 Perspectivas e Reflexões no Campo
Nota: No ano de 2013 João Pratas passou a ser parte integrante do grupo mirandês Galandum Galundaina.
Fotografia: Sandra Rodrigues
47ª Recolha de Entrevista e de instrumentos musicais
Quota MS_00011 Europeana Sounds
© 2013 Perspectivas e Reflexões no Campo
Em Colares, Sintra
Fotos de Mara Lisboa
por Francesco Valente [1]
A literatura do ‘multiculturalismo’ sobre a educação geral e em particular musical é muito rica, e é muitas vezes centrada na questão do ensino da música numa perspectiva ‘multicultural’ e de integração, sendo caracterizada pela implementação da música ocidental, e sobre a necessidade de estudar vários tipos de música. Um dos acontecimentos do século XX, do ponto de vista social, económico e cultural mais significativos na Venezuela, foi a criação e o desenvolvimento de El Sistema de Orquestras Infantis e Juvenis (“El Sistema”), cujo mentor foi José António Abreu. Um instrumento revolucionário para combater a pobreza, onde a música é utilizada como instrumento de coesão dos distintos grupos sociais, promovendo as classes mais pobres: dos quase 300.000 músicos integrantes a maioria são de bairros pobres, que frequentemente tocam instrumentos doados, emprestados, normalmente entre os participantes temos crianças e jovens, alguns com problemas ou handicap. Na metade de 2007 o pais estava contando com 135 orquestras e 75 coros integrados no Sistema, que contava com mais de mil colaboradores para assegurar seu funcionamento e sua coordenação.
‘El Sistema’ além da instrução musical específica, que utiliza métodos inovadores, desenvolve seminários sobre a construção e reparação de instrumentos musicais, e outras actividades variadas com meninos a partir dos dois anos de idade. ‘El Sistema’ começou por volta de 1975, e seu fundador foi, ironia da sorte um doutorado em economia petroleira. Foi adoptado depois pelo governo de Chavez como seu “novo programa social do governo bolivariano”, com um certo oportunismo político por querer adoptar e identificar-se num dos programas mais originais e de êxito que foi ensaiado no pais para combater a pobreza. No entanto, para a surpresa de muitos, para o orgulho da região, e para o deslumbramento de personagens como Cláudio Abbado, Plácido Domingo, Ratlle o Daniel Barenboim, Venezuela oferece ao mundo hoje um exemplo de como se pode reduzir a pobreza por meio da arte.
‘El Sistema’ leva já 33 anos produzindo bons músicos e exportando um modelo de gestão cultural: para o grande público, a personagem mais famosa é Gustavo Dudamel, Director Musical da Orquestra Sinfónica Juvenil Simón Bolívar de Venezuela, que com 27 anos de idade, conta com um curriculum invejável, tendo ja dirigido varias orquestras pelo mundo fora. Mas parte da explicação do sucesso deste projecto se deve ao seu fundador Jose Antonio Abreu, que alem de ser musico, é economista: sua obra atravessou nove legislaturas, entre golpes de estados e crises do petróleo, e se espalhou pelo mundo fora atravessando continentes, e representando um modelo de ensino e de abordagem pedagógica.
Um exemplo disto é a Orquestra Geração, que representa este programa inovador aqui em Portugal, gratuito para as crianças, e que foi concebido principalmente com base no próprio modelo das Orquestras Sinfónicas Infantis e Juvenis de Venezuela. Contando na coordenação pedagógica e artística com dois músicos venezuelanos aqui residentes e ainda o apoio de vários formadores do ‘El Sistema’, que se têm deslocado a Portugal por ocasião dos estágios de Verão da Orquestra, o projecto enquadra cerca de 80 professores, na sua maioria jovens músicos recém formados (a quem é ministrada formação na metodologia do sistema) e que aqui encontraram a sua primeira oportunidade de trabalho. A Orquestra Geração já conta no seu currículo com várias apresentações públicas em Lisboa e arredores.
Para quem queira saber mais aconselho os seguintes vídeos:
[1] para citar este artigo: *Valente, Francesco «El sistema de orquestras juvenis de Venezuela», Plataforma Mural Sonoro em 17 de Novembro de 2012 https://www.muralsonoro.com/recepcao.
*Músico e investigador em etnomusicologia
Fotografia de capa: autoria de Gustavo Dudamel, tirada numa favela de Caracas.
(fotos de Soraia Simões, colecção Museu da Música)
A Pandeireta é um instrumento musical (que permanece desde os tempos romanos) de percussão semelhante ao pandeiro brasileiro mas menor. Usado em músicas tradicionais de vários países europeus como, entre outros, Espanha, Rússia ou Portugal.
No seu formato mais conhecido a pandeireta é constituída por um aro circular (geralmente de madeira) cujo centro é coberto por uma camada de pele. É constituído ainda por um conjunto de soalhas metálicas, agregadas aos pares.
As pandeiretas aparecem em vários formatos e formas apresentando entre si várias diferenças de:
Formas – Os aros podem ser circulares, semi-circulares, rectangulares, triangulares e até geometricamente irregulares.
Materiais – Os materiais dos aros podem variar entre madeira e plástico e a camada que cobre o aro pode ser de pele ou de plástico.
Tamanho – podem ter desde diâmetros de 13cm até 28cm e algumas chegam a atingir 30-40cm de diâmetro, sendo essas chamadas pandeiros.
Soalhas – podem incluir desde 2 até 12 pares de soalhas.
Vídeo em baixo e explicação de Jonás Gimeno
Cavaquinhos de Raul Simões
Afinações, cordas e palhetas
Notas extra:
O cavaquinho de origem portuguesa é o integrante mais agudo da família das violas europeias compostas de tampos achatados.
Transmitido em Espanha, levado para o norte de Portugal por executantes oriundos de Biscaia (hoje País Basco), foi na região do Rio Minho (Braga) que se notabilizou sendo comummente chamado de braguinha.
Em Portugal, é possível identificá-lo também como machimbo, machim, machete ou marchete, braguinho e cavaco.
No Minho encontramo-lo em práticas coreográficas e músicas tradicionais.
Em Lisboa, o cavaquinho em conjunto com bandolins, violas e guitarras, nas designadas tunas (não necessariamente em contexto universitário). De instrumento rudimentar dos camponeses, em que o braço e a caixa eram uma só peça (escala rasa), ganhou um melhoramento que ampliou a sua projecção sonora.
O espelho (ou escala), uma madeira de maior densidade situada sobre o braço e que avança por cima da caixa até a proximidade da boca. Tudo aponta para que tenha sido igualmente em Lisboa que a palheta passou a ser usada. Até então, no Minho, o cavaquinho era tocado num rasgo, com os dedos polegar e indicador da mão direita.
Congrega afinações várias sendo a mais conhecida Ré-Sol-Si-Ré. Em Portugal ainda encontramos:
•Ré-Sol-Si-Mi – usada em Coimbra
•Sol-Ré-Mi-Lá – chamada afinação para “malhão e vira na moda velha”
•Sol-Dó-Mi-Lá – afinação usada na região de Barcelos
•Ré-Lá-Si-Mi – considerada por muitos como a mais versátil harmonicamente
São usadas também afinações em que a corda mais aguda é a quarta e não a primeira.
No Brasil, por norma a afinação, é Ré-Sol-Si-Ré , mas existem executantes que usam a Ré-Sol-Si-Mi.
A afinação em quintas como no bandolim, Sol-Ré-Lá-Mi, modifica acentuadamente o timbre do instrumento, mas tem um resultado em acompanhamento que funciona bem no samba.
As cordas que um dia foram de tripa, hoje são de aço e as palhetas que antes usavam casco de tartaruga, hoje são feitas de variados compostos plásticos.
Notas: Foto de capa e restantes de Cavaquinhos construídos por Raul Simões (1891-1981) em Coimbra.
Demonstrações de dois dos mais reconhecidos músicos e tocadores de cordofones vários: Amadeu Magalhães e Pedro Caldeira Cabral (''Minho'') numa apresentação na cidade de Coimbra. Também na cidade de Coimbra o construtor Fernando Meireles gravado para o Arquivo Mural Sonoro e um dos intervenientes, com Óscar Cardoso, numa das Sessões do Ciclo Conversas em Volta da Guitarra Portuguesa com o Tema: Guitarras de Coimbra e de Lisboa. Sua construção, técnicas e difusão, se tem dedicado à feitura de cavaquinhos, foi até o primeiro instrumento que fez como construtor enquanto vivia numa República na cidade de Coimbra, explicando na recolha de entrevista efectuada para o Arquivo Mural Sonoro o porquê de ter decidido começar por este instrumento.
No vídeo abaixo o músico e construtor cabo-verdiano, Luís Baptista, na sua oficina no Mindelo (São Vicente)
Raul Simões e o neto Fernando em 1955
pormenor de cavaquinho construído por Raul Simões
2ª Recolha de depoimento sobre a prática do didgeridoo e captação de som
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49ª Recolha de Entrevista
Quota MS_0009 Europeana Sounds
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Em LARGO Residências. Mural Sonoro na residência artística do Intendente, Lisboa
Fotografias: Daniel Abrantes
* Nota: Em 2014 o músico adoptou o nome de Cachupa Psicadélica
21ª Recolha de Entrevista
Quota MS_0008 Europeana Sounds
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Realizada em Lisboa
34ª Recolha de Entrevista
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Quota MS_00054 Europeana Sounds
Em LARGO Residências em Lisboa
fotografia de Marta Dias
33ª Recolha de Entrevista
Fotografia: Mónica Roncon
44ª Recolha de Entrevista e instrumentos: korá e voz
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Captação de instrumentos (voz e korá): Nuno Santos (a.k.a Chullage)
Fotografias: Augusto Fernandes
Mural Sonoro na residência artística do Intendente (LARGO Residências)
35ª Recolha de Entrevista
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foto de Marta Reis (Soraia e Benjamim), foto de Anita Kalikies (Benjamin no piano)
31ª Recolha de Entrevista
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19ª recolha de entrevista
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Fotografia: Nuno Santos
nota de autora:
*midi Musical Instrument Digital Interface. Designação dada para sintetizadores que reunem uma série de requisitos que vão além do 'MIDI mais comum'. Enquanto que a norma MIDI proporciona um protocolo de comunicações que assegura que diferentes materiais/ferramentas, instrumentos possam interagir de forma mais simples (tocando uma nota num teclado MIDI, fazemos com que um tipo de som reproduza uma nota musical, por exemplo), o 'General MIDI' vai um pouco mais longe. Com ele todos os instrumentos compatíveis com o GM passam a ter um número mínimo de especificações (como por exemplo, 24 notas de polifonia) e através dele associam-se algumas interpretações a vários padrões e mensagens de controlo que não tinham sido especificadas na norma MIDI (como a definição de sons de instrumentos para cada um dos muitos números dos programas).
27ª recolha de entrevista
Quota MS_0004 Europeana Sounds
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14ª Recolha de Entrevista
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Quota MS_0002 Europeana Sounds
Fotografia: Alexandre Simões (Flapi)
Dossier RAProduções de Memória, Cultura Popular e Sociedade
Quota MS_0001 Europeana Sounds [ realizada em Julho de 2012 no âmbito do Mural Sonoro, repescada posteriormente para o audiolivro e para este Dossier]
"Os meus pais chamaram-me Nuno Santos, o meu bairro chamou-me Chullage", refere.
É um músico - rapper, dizedor, produtor - e sociólogo filho de pais cabo-verdianos.
Cresceu no Monte da Caparica, no Asilo 28 de Maio, onde iniciou o seu gosto e ligação ao rap, e mudou-se para a Arrentela (no Seixal) onde acaba por desenvolver trabalho de campo no âmbito social activo.
Em 1993, ano em que se mudou com a família para a Arrentela, formou o seu primeiro grupo digno desse nome De "187 Squad" e a 'crew' Red Eyes G.
Em 1997 Chullage começou a fazer notar-se pelo seu percurso a solo.
Em 1999, convidado por D-Mars (Micro), entrou na colectânea Subterrânea com os temas 'Resistência' e 'Ciclo Infernal' e colaborou no fonograma Microestática, de Micro. Foi sendo convidado para entrar em diversas mixtapes (de DJs como Bomberjack, Sas, Cruzfader ou NelAssassin).
No seu legado fonográfico contam-se: 'Rapresálias (Sangue Lágrimas Suor)' de 2001, que representou até uma mudança de paradigma no 'circuito de produção independente' ao ser a primeira edição independente do Rap português a ultrapassar os três mil discos, 'Rapensar (Passado Presente e Futuro)', lançado em 2004 (pela etiqueta Lisafonia) acabando por posteriormente ser eleito como álbum do ano pelos leitores da revista Hip Hop Nation (e o video “National Ghettographik” o segundo melhor do mesmo ano) e Rapressão (de 2012).
Nesta recolha de entrevista Chullage fala, entre outros aspectos, das suas primeiras referências musicais, que o fizeram despertar para o rap e cultura hip-hop ( como o caso do vinil de Rebel Mc da Zulu Nation), das suas primeiras improvisações e do primeiro grupo que criou com enfoque no improviso, os Black Brothers, das suas ligações à diáspora, a Cabo Verde, ao bairro onde cresceu e ao contacto enquanto morador mais recente com a cidade de Lisboa, de noções que o inquietam na urbe e lhe servem tantas vezes de mote para a criação como: a migração, as 'identidades', o espaço social e o exercício atento e crítico relativamente às suas dinâmicas, ou noções com uma parca operacionalidade como a ideia de 'multiculturalismo' na cidade, que acabou por lhe servir de deixa, num repto que lhe lanço no fim da conversa: a composição em tempo real (improviso) a partir dessa palavra/referência.
Fotografia de capa: Augusto Fernandes no âmbito do Ciclo «musicAtenta» de Mural Sonoro em Novembro de 2012
Simões, Soraia 2017 RAPublicar. A micro-história que fez história numa Lisboa adia (1986-1996). Editora Caleidoscópio. Lisboa.
Simões, Soraia 2018/9 no prelo Fixar o Invisível. Os primeiros Passos do RAP em Portugal. Editora Caleidoscópio. Lisboa.